sábado, 15 de novembro de 2025

O maior desafio do amor: Campanha 40 Dias de amor / The greatest challenge of love: 40 Days of Love / El mayor desafío del amor: 40 días de amor

“[...] Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam”
(Lucas 6.27).
O maior desafio do amor é amar os inimigos, exatamente pelo fato de que o amor é a única força capaz de superar o ódio e pôr fim à violência. Mateus registra com muita clareza o que Jesus disse: Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” (Mateus 5.43-44).
Martin Luther King, em um sermão que pregou sobre o tema “Amando seu inimigo”, apontou algumas formas de colocar em prática esse princípio. O primeiro passo é fazer uma análise de si mesmo. Precisamos admitir que alguém não goste do jeito que somos, ou que carregue um ressentimento sobre algo que fizemos no passado, ou que haja algum traço de nossa personalidade que desperte o ódio da pessoa por nós.
O segundo passo é fazer o esforço de encontrar no outro, mesmo que nos odeie ou que nos faça mal, algo de bom que exista nele. Ninguém é bom ou mal o tempo todo. Platão chegou a representar a alma humana como um cocheiro que guia uma carruagem com dois cavalos teimosos, cada um querendo seguir sua própria direção. Todos nós temos algo que está em desajuste, que precisa de ajuda para encontrar a harmonia, a prudência e  o bom senso necessários para orientar a tomada de decisões.
Martin Luther King Jr. lembra que Jesus disse para amar os inimigos, não para gostarmos dele. Por isso, propos uma nova maneira de lidar com aqueles que nos odeiam que é a resistência não violenta às forças da maldade. Isso significa se negar a odiar sob qualquer circunstância. Temos muito a ganhar simplesmente por não alimentar o ódio em nossos corações.
Pense com você mesmo: quais são os inimigos a quem devemos amar? Os que nos ofendem, os que são violentos, os que nos ameaçam, os que nos exploram, os que nos excluem. Se você consegue identificar quem é o seu inimigo, já temos um fator a menos para nos preocupar. O problema é que, na verdade, o nosso pior inimigo é aquele que se disfarça de amigo para nos prejudicar. Que Deus nos livre de maldade de gente boa.
O que fazer com o inimigo? Jesus disse para fazer o bem a ele, para abençoá-lo e para orar por ele. Jesus disse: “[...] Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam,  abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam” (Lucas 6.27-28).
E por que devemos tratar os nossos inimigos assim? Mateus registra que essa é a forma de ser dos filhos de Deus. Em hipótese alguma, o ódio cabe na vida de quem foi transformado por Jesus (Mateus 5.45). Já Lucas registra que há uma recompensa para quem escolhe amar, em vez de odiar (Lucas 6.35).

(Participe da Campanha 40 Dias de Amor: assista à série de mensagens “Vivendo em amor no mundo” no Youtube; faça a leitura diária e pratique os projetos de vida semanais que estão na descrição de cada vídeo; reúna familiares e amigos para lerem juntos e debaterem sobre esse texto).


quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Ele nos amou: Campanha 40 Dias de Amor / God loved us: 40 Days of Love / Dios nos amó: 40 días de amor

“[...] Farei que [...] reconheçam que eu amei você” (Apocalipse 3.9).
No livro do Apocalipse, encontramos quase que despercebidamente uma frase que o Espírito Santo diz a uma das igrejas, a de Filadélfia, sobre o amor. Deus quer fazer com que todos reconheçam o amor que Ele tem por nós. Você já parou para pensar sobre quais seriam as razões para Deus amar gente como a gente?
Por que Deus escolheu um povo tão instável como o israelita? Porque Ele amou. “O Senhor não se afeiçoou a vocês nem os escolheu por serem mais numerosos do que os outros povos, pois vocês eram o menor de todos os povos. Mas foi porque o Senhor os amou [...]” (Deuteronômio 7.7-8).
Por que Deus se importa tanto com pessoas que não fazem Sua vontade e que vivem distantes de Seu propósito? Porque Ele ama. “Visto que você é precioso e honrado à minha vista, e porque eu o amo [...]” (Isaías 43.4).
Amar é o modo de Ser de Deus. É o que define Deus. Tudo o que Ele é e tudo o que Ele faz é proveniente do Seu amor. Essa é a única razão pela qual Deus se importa com gente como a gente.
O que pode fazer com que a humanidade reconheça que Deus ama cada pessoa? Há três ideias que podem prover esse reconhecimento.
A primeira é que a Criação é um ato do amor divino. Somente um Ser amoroso seria capaz de criar um mundo com as condições ideais para a vida de sua maior criação, a humanidade. Quem ama cuida. A natureza criada é a maior demonstração do cuidado de Deus com a vida. Por isso que somos impelidos pelo amor: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1 João 4.19).
A segunda é que a redenção de nossa própria perdição é um ato do amor divino. Somente um Criador amoroso seria capaz de se importar com o sofrimento de quem escolheu se afastar de sua vontade. Quem ama se importa com o sofrimento do outro. A obra da redenção em Jesus Cristo é uma iniciativa unicamente do amor de Deus. O evangelho nos diz: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
E a terceira é que a liberdade de escolher é um ato do amor divino. Somente um Pai amoroso seria capaz de permitir que seus filhos tenham liberdade de escolha. Quem ama permite que o outro seja livre. Somos livres para escolher, mas somos responsáveis pelas consequências. E ainda assim Deus cuida de nós com Seu amor infinito. O amor de Deus nos torna livres de tudo aquilo que nos oprime e nos desumaniza: “Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (João 8.36).
Nossa vida é um grande testemunho que Deus ama a toda a humanidade. À medida que permitimos que seu amor se concretize e tome forma em nossa vida, tornamo-nos exemplos vivos desse amor.
(Participe da Campanha 40 Dias de Amor:assista à série de mensagens "Vivendo em amor no mundo" no Youtube; faça a leitura diária e pratique os projetos de vida semanais que estão na descrição de cada vídeo; reuna familiares e amigos para lerem juntos e debaterem sobre esse texto).

domingo, 2 de novembro de 2025

O amor como projeto de vida: Campanha 40 Dias de Amor / Love as a life Project: 40 Days of Love / El amor como proyecto de vida: 40 días de amor

“Sigam o caminho do amor [...]” (1 Coríntios 14.1).

Nada é mais importante na vida do que os relacionamentos e ninguém entendeu melhor isso que Jesus. Você precisa descobrir como desenvolver atitudes que restaurem a saúde e a riqueza nos seus relacionamentos em família, com seu cônjuge, com seus amigos e em todas as relações de sua vida.
O que você faria para melhorar os relacionamentos mais importantes de sua vida?
O que você estaria disposto a dar de si mesmo para mudar de forma radical aquilo que é mais importante em suas relações pessoais?
Descubra de que maneira você pode construir atitudes que o ajudarão a cumprir os propósitos de Deus em seus relacionamentos.
O objetivo principal do ministério de Jesus aqui na Terra foi nos mostrar como é possível amar as pessoas neste mundo.
Como é possível amar mais a Deus?
Como é possível amar mais nossa família?
Como é possível amar mais nosso cônjuge?
Como é possível amar mais nosso vizinho?
Como é possível amar mais a nós mesmos?
Vamos poder descobrir juntos um amor que é paciente, que é amável, que perdoa, que não é egoísta e que fala sempre a verdade. O amor é a grande utopia cristã. Por isso, deve ser o alvo e o desafio de todo cristão.
Qual o alvo principal de sua vida? Sua resposta a essa pergunta vai revelar o valor que direciona a sua vida. Todo mundo é guiado por um valor. É o que inconscientemente serve de base para nossas escolhas e influenciam nossa tomada de decisões. Jesus ensinou que o amor deve ser o nosso valor dominante. De fato, Jesus disse certa vez que, de todos os mandamentos na Bíblia, apenas dois são mais importantes: amar a Deus com todo seu coração e amar o próximo como a si mesmo.
O amor, para o cristão, não é uma escolha ou um sentimento. O amor é um mandamento.
(Reflexão para pequenos grupos, durante a Campanha de 40 Dias de Amor)
(Participe da Campanha 40 Dias de Amor:assista à série de mensagens "Vivendo em amor no mundo" no Youtube; faça a leitura diária e pratique os projetos de vida semanais que estão na descrição de cada vídeo; reuna familiares e amigos para lerem juntos e debaterem sobre esse texto).

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Condenação de Jair Bolsonaro: implicações e desdobramentos históricos / Jair Bolsonaro's conviction: implications and historical developments / La condena de Jair Bolsonaro: implicaciones y desarrollos históricos

O dia 11 de setembro de 2025 entra para a história como o dia de uma reparação histórica das muitas tramas golpistas que têm marcado a República brasileira com a condenação do ex-Presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão em regime fechado por tentar um golpe de Estado. Nossa história é atravessada por golpes de Estado desde o fim do império e por muitas tentativas desde e insurreições desde a independência. Porém, a suprema corte do país nunca tinha levado a juízo seus autores.

Desde 2021, o país foi tomado por uma sucessão de ações, discursos e manifestações que visavam a perpetuação no poder do grupo que governava o país. O Brasil foi vítima de atentados contra as instituições democráticas e de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, orquestrados por uma organização criminosa que fez uso do aparato do governo para disseminar discurso de ódio, fake news e apelos por intervenção militar.

A ideia dos acusados e agora condenados era colocar em suspeição o processo eleitoral e a lisura das urnas eletrônicas. Após a derrota na eleição de 2022, a trama golpista não aceitou os resultados das urnas e vários atos ilícitos foram praticados, como acampamentos na porta de quartéis, vandalismo na frente da sede da Polícia Federal em Brasília no dia da diplomação do vencedor da eleição, ameaça de atentado à bomba no aeroporto de Brasília e o ataque às sedes do Congresso, da Presidência e do STF que ficou conhecido como o atentado do 8/1. Houve inclusive o plano para o assassinato de três autoridades da República.

Dentre as acusações contra o núcleo golpista, encontram-se a tentativa de golpe de Estado, de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, de formação de organização criminosa, de dano qualificado contra o patrimônio da União e de deterioração de patrimônio tombado. Junto com Bolsonaro, que já havia sido considerado inelegível pelo TSE, encontram-se outros sete membros do seu governo, entre eles ex-ministros da Defesa, da Justiça, da Marinha, do Gabinete de Segurança Institucional, além de seu candidato à vice-presidência e seu ajudante de ordens.

Jair Bolsonaro tornou-se o primeiro ex-presidente do Brasil a ser condenado por liderar uma tentativa de golpe de Estado. Sua condenação põe o país diante de seu passado e de seu futuro. Quanto ao seu passado, fica evidenciado que, pela primeira vez, quem tenta golpe de Estado pode responder pelos seus atos. Generais e outros militares foram julgados e condenados de acordo com legislação vigente, fazendo valer o princípio de que ninguém está acima das leis. Quanto ao seu futuro, renasce a esperança de que o golpismo seja uma página definitivamente virada e que seja inibido daqui pra frente. Com isso, a democracia se consolida e se fortalece. Espera-se que o discurso de ódio e as práticas de disseminação de fake news diminuam e permitam um ambiente mais saudável para o diálogo e a contraposição de ideias. O falso discurso de que a anistia ou indultos podem pacificar o país finalmente cai por terra.

No ano em que se completam 40 anos da redemocratização, o Brasil afasta o fantasma da ditadura. Fica demonstrado que as instituições democráticas cumprem a sua função legal e que se busca a concretização do ideal de que todos são iguais perante a lei. Os fundamentos do devido processo legal, da garantia à ampla defesa e o direito ao contraditório demonstram que o Estado Democrático de Direito saem fortalecidos.

O STF transmite aos brasileiros a mensagem de que todos têm direito a um julgamento justo e imparcial. A Justiça, quando exercida de forma independente e imparcial, é o único caminho para a pacificação. Para isso, ela precisa ser livre de ameaças e coerções, sejam internas ou externas. A marca de um país soberano é a autonomia de seu sistema de Justiça.

(Imagem: https://commons.wikimedia.org/)

sábado, 23 de agosto de 2025

Exercícios de Ecoespiritualidade: Somos parte da Criação / Eco-spirituality Exercises: We are part of Creation / Ejercicios de eco-espiritualidad: Somos parte de la Creación

“Então os olhos dos que veem não estarão mais fechados, e os ouvidos dos que ouvem escutarão” (Isaías 32.3).

 No ano de 2024, aconteceu na cidade de Cali, Colômbia, a 16ª Conferência das Partes, também conhecida como COP 16. O foco era o de implementar um quadro global de diversidade conforme ficou definido pela Conferência de Biodiversidade das Nações Unidas em 2022 e adotado pela COP 15, composto por 23 metas e 4 objetivos. Porém, a principal lacuna que ainda precisa ser preenchida para proteger a diversidade é a alocação de recursos financeiros.

O tema da conferência foi “Paz com a Natureza” para enfatizar a ideia de que a conservação da biodiversidade requer um compromisso de toda a humanidade. Para isso, seria necessário mobilizar recursos financeiros para procurar reverter a perda da diversidade até o ano de 2030. Porem, não houve um consenso acerca de quanto seria necessário para promover as ações para conter a perda da diversidade biológica, principalmente entre os países mais desenvolvidos.

Entretanto, houve conquistas históricas. A COP 16 definiu acordos para a partilha das informações dos códigos genéticos visando promover o seu uso sustentável e garantir o acesso equitativo aos benefícios da biodiversidade. Outra conquista foi o reconhecimento da importância e a inclusão dos povos originários e das comunidades afrodescendentes no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica. O objetivo foi o de garantir espaço direto de voz e de influência nas tomadas de decisão por possuírem conhecimentos e práticas que contribuem para a concretização dos objetivos do Quadro Global de Diversidade.

Mas é preciso fazer mais. Necessitamos de um diálogo para desenvolver juntos e juntas  formas de moldar o futuro do planeta. Papa Francisco, em sua encíclica Laudato Si, lançou esse desafio para que seja possível construir um novo ambiente de solidariedade universal em que todos os seres vivos, desde os mais vulneráveis, possam viver com dignidade.

Trata-se de uma mudança de mentalidade que atinge também a fé, que precisa abrir mão da crença de que o homem é o centro de tudo para desenvolver ações que envolvam práticas de espiritualidade com o cuidado de toda a Criação. A ecoespiritualidade emerge como um exercício de fé em busca da reconciliação do ser humano com a natureza, compreendendo a sacralidade da vida de todas as criaturas e a responsabilidade de proteger a dignidade da vida. Eco vem de oikos, que é casa em grego. A ecoespiritualidade é o exercício de cuidado com a casa comum em perspectivas ética, política, social, econômica e espiritual.

Necessitamos também de uma voz profética de arrependimento e de compromisso com a justiça e a paz com toda a Criação. Isso envolve uma Teologia da Criação que proponha um caminho de reconciliação uns com os outros e com o Criador a fim de promovermos justiça genuína para todos os seres vivos. Só assim a Criação encontrará paz.

Essa preocupação pode ser encontrada na Escritura, especificamente no livro do profeta Isaías. Ele disse: “Meu povo viverá em paz, tranquilo em seu lar; terá descanso e segurança” (Isaías 32.18 NVT). A promessa de paz e segurança é consequência do compromisso com a justiça. É uma mensagem que nos desafia a nos constituirmos como uma sociedade justa, baseada em princípios de equidade e respeito mútuo, onde todos e todas possam desfrutar a vida com tranquilidade.

O profeta inicia, no capítulo 32, a descrever a perspectiva messiânica do Reino de Deus. Um reino futuro, mas que já começava a despontar naquele tempo em Judá com promessa de justiça e paz para toda a Criação. Um reino de retidão que agirá com justiça, o que é um contraste à tirania, à corrupção e à injustiça dos regimes de poder com os quais Judá já havia convivido.

Um governo assim se transforma em um refúgio para os oprimidos. É como um vento suave em meio ao calor escaldante, como uma corrente de água em terra seca e como a sombra no deserto. Um verdadeiro oásis de esperança em meio ao deserto da incerteza, da exploração e da maldade. A mensagem profética é marcada por uma linguagem poética que destrói falsas narrativas e que aponta para a restauração da dignidade da vida em todos os aspectos.

O resultado da justiça é a transformação do cenário de desolação em que a sociedade vive. As pessoas em geral serão curadas da cegueira e da surdez que as impedem de lutar por direitos e dignidade. O povo terá sabedoria e entendimento para tomar decisões acertadas. Os tolos não terão mais tanta influência e os sem caráter não terão tanto poder, como acontece em nossos dias. Parece que Isaías se dirige a nós em tempo de fake news, pós-verdade, disseminação do ódio, negacionismos e extremismos nas redes sociais.

Nesse tempo messiânico, Isaías vê que o papel das mulheres é fundamental. Elas são tratadas como agentes de transformação com sua capacidade e sabedoria. O chamado é para que se levantem com urgência, porque a terra não mais produzirá os frutos para o sustento de suas famílias por causa da maldade dos homens. Suas vozes de lamento e de protesto devem ecoar por todas as partes, desde as casas até às cidades.

Isaías descreve o cenário da natureza devastada pela ganância e pela exploração da terra, resultado do afastamento de Deus e de seus propósitos para toda a Criação. A consequência se reflete nas relações sociais, na vida das cidades e nas estruturas de poder, que estão deterioradas pelo pecado humano. O afastamento de Deus tem afetado toda a Criação. Aquilo que foi criado para trazer segurança, paz e suprimento para todos estava em ruínas. Terras, biomas, rios e oceanos sofrem com a cultura da arrogância, da acumulação e da ganância.

O projeto da Criação divina foi fundado no senso de justiça e paz, mas a humanidade quebrou essa relação promovendo uma verdadeira guerra através da exploração desordenada dos recursos naturais, do consumo exagerado e do extermínio de espécies. A economia capitalista moderna estabeleceu práticas insustentáveis de exploração dos recursos naturais colocando em risco a vida de todo o planeta.

Nós, que somos coparticipantes da Criação, nos tornamos cúmplices e corresponsáveis pela crise provocada pela devastação. A maneira como consumimos, empreendemos e orientamos a economia voltada para o lucro esbarra com a dificuldade de colocar em prática princípios de sustentabilidade. O resultado é mais poluição, crises sanitárias, fenômenos ambientais cada vez mais devastadores, desmatamento ilegal para dar lugar a monoculturas, exploração de minerais que colocam em risco biomas inteiros e emissão de gases do efeito estufa.

A responsabilidade tanto é coletiva e estrutural, como também é individual. O apego ao luxo, o desperdício, o uso de veículos e equipamentos poluentes, a aplicação de produtos químicos e o descarte de resíduos são algumas dessas coisas que fazemos que contribuem para o quadro atual de desolação.

Quando olhamos ao nosso redor, vemos um cenário de conflitos e destruição. A palavra desolação resume bem o contexto da atual crise ambiental e climática. Em todas as partes do mundo podemos ver que a causa dessa desolação é o próprio ser humano que insiste em provocar danos à natureza. Ao mesmo tempo, os próprios seres humanos são também vítimas dessa desolação.

O mundo está em crise e a resposta passa por uma mudança de mentalidade. A mensagem profética de Isaías lança as bases dessa mudança necessária e urgente, que fala de justiça, paz e reconciliação com a Criação. Como apelou o Papa Francisco em sua encíclica Laudato Si: “Qual é o objetivo do nosso trabalho? Que necessidade tem a terra de nós? Deixar um planeta habitável às gerações futuras depende de nós” (2015, § 160).

A Teologia se vê impelida a mover-se pelo Espírito Santo, o sopro da vida, que é derramado sobre nós nesse momento, trazendo esperança de renovação para a terra e de restauração da harmonia da Criação. Nesse tempo, somos chamados como cristãos e cristãs a nos unir com alegria, justiça e paz a toda a Criação para vivermos o que fomos criados para ser: cooperadores uns dos outros, como embaixadores da justiça, da paz e da reconciliação.

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